A única terapia que funciona
A terapia contém, por vezes, um moralismo subtil, um peso mesmo para aqueles que apreciam a sua eficácia. No mínimo, podemos acrescentar a meta do encantamento a todos os tipos de terapia, observando o que a alma deseja, o que a estimula e lhe dá ânimo para prosseguir.
Como vários poetas já lamentaram, os deuses partiram e nós vivemos uma época em que Deus e Adão já não caminham juntos no frescor do anoitecer. Ou, como afirmou Jung, os deuses agora surgem na forma das nossas doenças. Quando uma percepção do sagrado abandona um povo, o encantamento também desaparece, pois na verdade ele é a canção das ninfas na nossa música, a voz das fadas nos nossos discursos, os duendes e gnomos labutando no nosso trabalho. Quando nos deixamos convencer por especialistas a levar a vida com excessiva seriedade e literalidade, perdendo a fantasia e o sonho para o pragmatismo e o obsessivo empenho pelo «crescimento pessoal», então as próprias forças que podem concretizar as nossas metas desaparecem. A nossa medicina mata-nos e as nossas filosofias de mudança evitam que sejamos transformados.
O sagrado dá a tudo o que fazemos uma ressonância poderosa e expressiva. Sem essa reverberação sagrada, sofremos uma vida triste, carente, unidimensional. Vivemos esta falta de dimensão como problemas pessoais e desordem social e respondemos com programas pessoais e sociais. Mas o que é mesmo necessário é uma genuína terapia socrática de serviço àqueles elementos, facilmente reconhecíveis, que promovem o encantamento. Eles prometem um retorno da alma e a restauração de um estilo de vida sagrado - no fundo, a única terapia que funciona.
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